O Festival Histórico Setecentista abriu com um colóquio que celebrou os 148 anos da fundação de Vila Real de Santo António e marca o início das comemorações dos 250 anos do lançamento da primeira pedra da Casa da Câmara e Alfândega.
O evento destaca a importância da cidade e sua arquitetura setecentista, promovendo atividades que exploram seu potencial.
O presidente da câmara municipal, Álvaro Araújo afirmou que «Vila Real Santo de António tinha necessidade, na nossa ótica, de reforçar o mês de Maio com atividades que, de alguma forma, viessem compensar a baixa ocupação hoteleira».
Explicou, depois a necessidade de estabelecer um evento âncora para colmatar este problema da sazonalidade turística, «Um evento do ano. Neste e no mês de Novembro. Foi fácil, neste caso, encontrar a solução. Porque quisemos voltar a recriar o nosso cortejo histórico, que começou ainda no tempo do António Murta, que foi quando, pela primeira vez, fez um cortejo histórico».
Então, continuou dizendo,«pensámos em fazer, não só um dia, mas sim um fim de semana, em que pudéssemos ter atividades que mostrassem o potencial da nossa cidade, da nossa arquitetura. E, por isso, só o pudemos fazer, sendo um evento setecentista. Não é um evento medieval, nem nada que se pareça. O ano passado, diz quem sabe, tivemos ainda algumas marcas de medieval».
Disse, depois que ali estavam porque «é necessário também fazer um enquadramento histórico sobre aquilo que vai acontecer, sobre aquilo que aconteceu em 1774 e a partir daí».
Lembrou que o evento também marca, este ano, «o início das comemorações dos 250 anos da Fundação, o lançamento da primeira pedra deste edifício, que está aqui ao nosso lado direito», referindo-se ao edifício da primeira Alfândega, com porta para a Avenida da República.
Coronel José Paulo Berger
O Coronel José Paulo Berger, engenheiro militar e especialista em história militar e fortificações, apresentou um panorama histórico da cartografia militar desde o século XVIII, destacando a evolução dos arquivos militares e a importância da documentação histórica para o estudo e compreensão do desenvolvimento da região.
Mencionou a criação do Real Arquivo Militar em 1792 e sua posterior divisão em diferentes organismos, culminando na criação do Gabinete de Estudos Arqueológicos da Engenharia Militar, responsável pela preservação e valorização do património edificado pelo Exército.
Berger também aborda a importância da cartografia para o planejamento territorial e para as campanhas militares, mencionando a criação da Sociedade Real Marítima Militar e Geográfica em 1798, que teve sua atuação interrompida pela Guerra das Laranjas.
Destacou a importância da obtenção do metro padrão para a medição de distâncias e volumes, e como Portugal participou desse processo.
O palestrante finalizou sua apresentação convidando o público a consultar a documentação histórica disponível no portal das Bibliotecas de Defesa e a entrar em contato com o Gabinete de Estudos Arqueológicos da Engenharia Militar para obter imagens de alta resolução da cartografia histórica da região.
Fernado Pessanha
Fernando Pessanha discorreu sobre a história de Vila Real de Santo António, focando na importância da cartografia para entender a história local e regional.
O orador discutiu a fundação e refundação da cidade, a importância da cartografia militar para a compreensão do século XVIII e a relação da cidade com eventos históricos e militares mais amplos, como a Guerra Fantástica e a Batalha do Guadiana.
Também mencionou a importância de preservar e estudar documentos históricos para futuras pesquisas e para promover o turismo cultural na região.