As notícias publicadas são verdadeiras ao ser afirmado que Lagoa é o concelho do país com o maior gasto de água, mas também, não deixa de corresponder à realidade o fato de o Município de Lagoa se sentir de certa forma injustiçado. e entender prestar esclarecimentos «para repor a verdade dos factos».
A autarquia alega em sua defesa que com apenas 23 734 habitantes, Lagoa tem a sétima maior oferta hoteleira do país. e nos meses de verão, entre população residente e flutuante, o concelho chega a acolher 100 mil pessoas.
«São 100 mil pessoas que usufruem das infraestruturas de Lagoa, nomeadamente da água que consomem para beber, das refeições, que tomam banho ou lavam roupa ou a loiça. Durante quatro meses a população do concelho multiplica por quatro o universo que está a ser utilizado para fazer a média do consumo de água. O Município de Lagoa considera, no mínimo, desonesto que esse consumo seja distribuído/dividido pelos 23 734 habitantes residentes, dando a ideia errada de que os Lagoenses pouco ou nada se preocupam com um bem essencial e tão escasso como a água».
E mostra que não é por acaso que os concelhos que aparecem imediatamente depois de Lagoa, Albufeira e Loulé, se juntam a Lagoa no pódio dos concelhos com maior oferta hoteleira em todo o Algarve. Mais do que o consumo médio de água, o que o indicador referido nas notícias mostra é a vitalidade do turismo em Lagoa como uma atividade económica geradora de riqueza e emprego, assim como a resiliência e preparação das infraestruturas de uma pequena localidade para receber e acolher condignamente largos milhares de pessoas.
De resto, consciente que a gestão da água é um imperativo de sobrevivência no Algarve, onde este bem é cada vez mais escasso, o Município de Lagoa tem feito nos últimos anos um considerável esforço financeiro na substituição de condutas da rede de abastecimento de água e apresenta a sua longa lista de investimentos em benefício do abastecimento e poupança de água.
Desta forma, a questão levantada pela Câmara Municipal de Lagoa destaca uma preocupação relevante em relação à análise do consumo de água, especialmente em regiões com significativa atividade hoteleira ou turística. O critério de dividir o consumo total de água pela população total para determinar o consumo per capita pode, de fato, distorcer a percepção do consumo real de água por habitante, especialmente em áreas onde o turismo desempenha um papel importante na economia local.
A análise do consumo de água per capita é um método comumente utilizado para avaliar a eficiência do uso da água e identificar potenciais áreas de melhoria. No entanto, este método assume que o consumo de água é relativamente uniforme entre a população, o que pode não ser o caso em áreas com grandes flutuações na população devido ao turismo ou outras atividades sazonais.
Em áreas turísticas, como pode ser o caso de Lagoa, o consumo de água pode ser significativamente impactado pelos visitantes, que não são contabilizados na população residente. Hotéis, restaurantes e atrações turísticas podem aumentar o consumo de água de forma considerável, resultando em uma representação imprecisa se o consumo total de água for simplesmente dividido pelo número de residentes permanentes.
Em alguns casos, pode ser mais apropriado considerar separadamente o consumo de água por setores de atividade econômica ou ajustar a análise de consumo per capita para refletir a população flutuante devido ao turismo.
A preocupação da Câmara Municipal de Lagoa destaca a importância de utilizar critérios de análise que reflitam com precisão o consumo de água, especialmente em áreas onde o turismo tem um impacto significativo.
Seria interessante que as entidades de gestão de recursos hídricos procuracem esclarecer os seus métodos de análise para garantir uma avaliação justa e precisa do uso da água, considerando as nuances locais e as demandas específicas do setor hoteleiro e turístico.
Neste caso, que os orgãos de comunicação social que noticiaram, quer a câmara municipal de Lagoa, cumpriram a missão de informar com clareza os seus cidadãos.
Há contudo um pormenor uma questão que tem de ser levada em conta. Nem todos os concelhos tem a capacidade o potencial de aproveitamento turístico igual e as medidas de restrição do consumo, têm sempre como referência os contadores e não se preocupam com quem beneficia dos ganhos das atividades económicas.