Após doze anos no cargo de vereadora, quatro como vice-presidente e a cumprir o quarto ano de mandato como a primeira mulher presidente da câmara municipal de Vila Real de Santo António, numa inesperada declaração que colheu de surpresa os vila-realenses, Conceição Cabrita anunciou ontem que não se candidataria a um novo mandato na qualidade de presidente da autarquia.
Durante a primeira reunião da câmara municipal ocorrida no dia de hoje, nenhuma das forças políticas da oposição, PS ou CDU, fez qualquer comentário a este anúncio, supondo-se que aguardam mais esclarecimentos dos motivos da demissão para além daqueles que foram adiantados pela presidente, um misto de insatisfação pelo reconhecimento da obra feita, de razões familiares ou de um «burnout» devido ao agravamento da pandemia do concelho. A situação tornou-se mais estranha, uma vez que a presidente tem, perante sucessivos pedidos de demissão, manifestado a firme vontade de continuar.
De acordo com os últimos desenvolvimentos da política local, o Partido Socialista apresenta a candidatura de Álvaro Araújo, está em desenvolvimento uma candidatura independente protagonizada por Marcelo Jerónimo, e a CDU provavelmente apostará no seu vereador Álvaro Leal, esperando-se como muito provável uma candidatura do BE. Ainda no plano político, são cada vez mais intensos os rumores que, na área do PSD, Luís Gomes voltará a ser candidato.
A razões da presidente Conceição Cabrita.
Tempos de «muita pressão, tristeza, pouca normalidade e muita apreensão com um futuro cada vez mais incerto», o facto de últimos meses, tal como muitas pessoas pelo mundo fora, ter-se visto «obrigada a rever não os meus princípios, mas a forma como eles se relacionam com o trabalho, os compromissos, o sentido de missão e a vida tal como ela agora segue». e a conclusão de, que os «afetos, o sermos mais humanos, a nossa consciência de finitude, o estar em família, o ser pessoa além da profissão que desempenhamos, tornam-se as nossas maiores prioridades».
Lembrando que em nenhum momento baixou os braços perante as muitas adversidades, batalhas e dificuldades que os cargos de vereadora, vice-presidente e presidente trouxeram consigo, historiou na sua declaração efetuada no Facebook o ter chegado a este mandato com projetos, sonhos e objetivos por alcançar e afirmou que «todos eles foram substituídos pelo maior compromisso deste executivo: a recuperação financeira do Município, que o mandato tem sido passado a maior parte do tempo em reuniões e grupos de trabalho, e «menos na rua com os nossos munícipes», fez as história das realizações alcançadas.
«Em nenhum momento desta pandemia que ainda nos assola baixei os braços, aliás, vivo com a consciência que tudo fiz para ajudar nesta luta tão inglória com um inimigo invisível», afirmando que embora não seja «o momento de baixar os braços é o momento de estar presente na vida dos outros e, acima de tudo, na minha vida», reafirmando que cumprirá o mandato com «o mesmo sentido de missão, responsabilidade, compromisso e respeito por todos e, acima de tudo, por aqueles que me elegeram no dia 1 de outubro de 2017».
«Este é um anúncio de não continuidade nos mandatos autárquicos mas ainda não é uma despedida. Ainda há muito para fazer e ainda reúno todas as forças para agora, no imediato, lutar com todos vocês contra esta pandemia que não nos vai tirar os sorrisos e, na nossa teimosia como seres humanos, um dia ainda vamos viver nos abraços uns dos outros».