Contra a opinião de muitos algarvos que conhecem e acompanham o regime de chuvas no Algarve, o projeto de construção da estação dessalinizadora, avança. Neste momento está em fase de estudo de impacto ambiental.
Para os defensores desta obra, o projeto é necessário para o Algarve, atendendo às alterações climáticas que se têm vindo a sentir nas últimas décadas e que se fazem sentir mais intensamente nestes últimos anos.
E acreditam que ele nos dará uma maior garantia de abastecimento, como outrora acreditaram aqueles que apostaram que a construção das barragens resolveria, como resolveu, por muitos anos o problema da flutuante seca algarvia, mas que a voragem do consumo deixou de respeitar. O Guadiana é cada vez mais um fio de água, apesar da Barragem do Alqueva, mas eu não sou gestor de águas, estou só a emitir uma opinião.
Porém, a filosofia das barragens era a de termos água quando não chove, porque foi represada quando choveu e não, porque temos água na barragem vamos fazer plantações, vamos aumentar o número de campos de golfe, apartamentos, hotéis, resorts, bombas de água, piscinas, esquecendo que, mesmo os recursos abundantes, são finitos.
Não há duvida, por experiências ocorridas em outras zonas do globo onde não há outro remédio que não seja utilizar a água do mar, que a dessalinização pode ser um recurso de emergência a ter à mão.
Porém, responder ao gigantismo da procura atual e futura, esquecendo as vozes avisadas dos mais experientes, não contribuirá para a solução sustentável, aquela que nos interessa.
Aguardemos com calma o estudo de impacto. Para os prós soam muitas palmas, mas têm de ser sinceros com os contras que, por acaso, até contribuem para a degradação ambiental e o cambio climático.