Um habitante da aldeia, situada frente ao Pomarão, bem conhecido dos locais, era tido como pessoa como muito especial, inteligente e informada, sem praticamente sair do monte, a não ser ter feito o serviço militar, onde ingressou a 2 de Março de 1938.
A pessoa que conta a história, lembra que, nas décadas de 50 e 60, ainda havia muita gente na Mesquita e frequentavam a aldeia com frequência, porque o marido era caçador e por ali havia muita caça. Adoravam lá ir.
Assim, tudo contribuiu para que tivesse conhecimento de uma história bem curiosa. O tio gostava muito de conversar e, bem como ela, passavam muito tempo na conversa.
Um dia, ele fez-lhe uma confissão muito curiosa e perigosa. Contou que, muito ao fim da tarde e mais no princípio da noite, quando todos os homens do campo já tinham regressado ao monte, o homem citado punha uma saca às costas como se fosse em busca de um ninho.
Ia até ao Serro da Fome, onde havia um cabanejo e um seu camarada, de longe, vinha esconder o jornal «Avante!». Ele, então, trazia o jornal na saca, deixava num outro esconderijo e, no dia seguinte, voltava lá, como se fosse à lenha, e lia o jornal.
Ele dizia que nem contava à esposa com medo que ela não fosse capaz de guardar segredo.