INTREPIDA + une designers em Carmona na mesma passarela

INTREPIDA + une designers em Carmona na mesma passarela

Intrépida

Uma seleção de criações da moda portuguesa, apresentou-se pela primeira vez em Espanha a convite do projeto INTREPIDA plus, liderado pela Fundación Tres Culturas.

A trabalhar em estreita colaboração com empresárias de Portugal e de Espanha, apoiando-as, nomeadamente na internacionalização das suas propostas, o projeto INTREPIDA plus, liderado por esta instituição andaluza, facilitou a participação de designers de ambos os países na XVI Edição da Semana da Moda da Andaluzia, CODE 41.

Seguindo a linha que marca para esta ocasião o encontro essencial com a moda na Andaluzia, a Fundación selecionou duas designers mais jovens: Carlota Martínez (Lisboa) e María Zapata (Martos, Jaén), que dividiram a passarela com uma empresa portuguesa com maior experiência e presença em feiras e eventos, a Bioco Tradition, uma iniciativa de Lurdes Silva que vive e trabalha em Faro, no Algarve.

O encontro das designers e posterior desfile ocorreu na tarde de domingo, 24 de outubro de 2021, numa passarela preparada para esta ocasião na cidade de Carmona, declarada Património da Humanidade pela UNESCO, em reconhecimento do legado histórico e artístico que acumula. Um bom exemplo deste património é a Puerta de Sevilla, um arco romano e vestígios da muralha que serviu de enclave para a passarela ao ar livre, preparada para esta ocasião.

A decorrer de 18 a 31 de outubro de 2021, a XVI Semana da Moda da Andaluzia, o CODE41 pretende unir moda e património numa seleção de enclaves de máximo interesse patrimonial na Andaluzia como são Carmona (Sevilha), Málaga, Córdoba e Sanlúcar de Barrameda (Cádiz ).

O encontro INTREPIDA com a moda, começou com o desfile de Carlota Martínez, (Lisboa, 1997) licenciada na especialidade de Design e Moda pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa. Atualmente combina a criação de peças de vestuário com o Mestrado em Design de Moda promovido pela referida universidade.

Designer do fato Miss Eco Portugal em 2016, apresentou as suas coleções no concurso Moda Portugal 2018 e, em 2019, o seu trabalho foi apresentado na DEMO’19. No ano seguinte é selecionada para o concurso PFN (Portuguese Fashion News) para jovens criadores 2020, organizado pela Associação Seletiva Moda. Para esta ocasião apresentou a coleção intitulada ‘A Leste de Dorian’.

A coleção em si é uma releitura interessante do fato masculino do século 19, na Europa. O romance O Retrato de Dorian Grey –The Picture of Dorian Gray – do escritor britânico Oscar Wilde é o fio condutor desta coleção, permitindo uma reinterpretação do imaginário vitoriano, trazendo-o até à atualidade.

As peças que integram a coleção são uma releitura das peças-chave que compunham o fato masculino do século XIX, conforme já referido, mas exaltando a sua essência e privilegiando as formas e detalhes amplos da confeção do vestuário. «A paleta de cores reflete o imaginário complexo, misterioso e sombrio da era vitoriana que causa por sua vez fascínio e rejeição, o branco puro predomina para as camisas que encabeçam uma escala de tons que se aproximam pouco a pouco ao cinzento para terminar em preto mais intenso. Os padrões que às vezes são sintetizados em finas linhas brancas num fundo escuro, são descartados. Para destacar, acessórios como chapéus, formas angulares, cortes ousados e, por vezes, peças de roupa oversize. Ela foi a única designer que propôs roupas unisex e saias largas entre os designs de moda masculina».

Seguiu-se a jovem designer de Jaén María Zapata (Martos, 2000), ainda estudante de moda e design, mas com alguns prémios na sua carreira, como o Primeiro Prémio do Concurso para Jovens Designers da III Passarela de Flamenco de Granada (2020). O seu interesse pela literatura e pela história refletem-se nos seus designs, assim como a sua preocupação com as mulheres que desempenharam um papel importante em diferentes sociedades e representaram a vontade de melhorar a situação da mulher. É o caso do vestido flamenco inspirado na carreira da advogada e defensora do direito ao voto feminino, Clara Campoamor.

Nesse desenho, incluiu uma gravura artesanal onde se lia “A liberdade aprende-se, exercendo-a”, frase de quem foi a primeira deputada em Espanha. Participou da I Passarela Virtual de Moda ‘Estación Diseño’ onde apresentou uma coleção que já era finalista do Concurso de Jovens Designers Costa de Almería Fashion Week Digital 2020 na qual refletia a estética da grande depressão dos anos 30. Em todas as suas coleções faz alusão a uma mulher livre e poderosa que se move num mundo de dificuldades e desigualdades.

Na XVI Semana da Moda da Andaluzia, apresentou a coleção ‘Medusa’, uma proposta muito experimental para mulheres para a temporada Primavera / Verão 2022, composta por vestidos, saias, tops, espartilhos e casacos, junto com moda de banho, lingerie e bijuterias. A designer investiga a parte mais desconhecida desse personagem da mitologia grega. Entre os tecidos encontramos diversos tipos de cetim, tule, gaze, redes metálicas, popelina, couro sintético e plástico, além de aplicações de penas e pérolas que remetem ao etéreo e elusivo da cultura helénica e do próprio personagem.

O desfile terminou com a experiência de moda Bioco Tradition, liderada pela empresária e designer Algarvia, Lurdes Silva (Faro, 1970). Cultura e tradição fazem parte do DNA da Bioco Tradition. Esta empresa consegue recuperar peças que estão ligadas à tradição portuguesa, dando-lhes uma nova vida, recriando-as numa perspetiva slow fashion. Os vários designs são baseados em padrões e formas relacionados com artistas.  A Bioco centra a sua produção em gabões e biocos que antigamente eram usados por mulheres, especialmente em Portugal. Essas vestimentas aparecem entre os textos de escritores como José Saramago ou Raul Brandão.

Hoje, é considerado um caso excecional de roupa autenticamente portuguesa que sobrevive no tempo. Em Bioco Tradition cada peça de roupa é uma peça única. Lurdes Silva imaginou novas linhas, atualizando o desenho inicial e tornando-o mais contemporâneo e leve. Para isso, joga com tecidos como a ganga, a seda, o algodão, a lã, permitindo que as peças sejam usadas quer na primavera quer no outono-inverno. Cores fortes, estampados personalizados, relacionados com textos de artistas.

A Fundación Tres Culturas del Mediterráneo já promoveu iniciativas europeias em conjunto com esta empresa portuguesa, através do projeto europeu CARPET (Craft Art and People Together) do programa Creative Europe onde colaborou com os designs de artistas como o calígrafo marroquino Sadik Haddari, a tatuadora têxtil Mercedes Pérez Cañas, criadora de Debaga e a artista plástica Ana Langeheldt.

O projeto INTREPIDA plus conta para o desenvolvimento das suas ações com o apoio financeiro do programa europeu Interreg POCTEP Espanha-Portugal, assim como da Junta da Andaluzia.

A Fundación Tres Culturas del Mediterráneo é a Principal Beneficiária do Projeto INTREPIDA plus, em conjunto com os seguintes sócios de Espanha e de Portugal: Diputación de Huelva, Mancomunidad de Desarrollo Condado de Huelva, Núcleo de Empresários da Região de Portalegre (NERPOR), Núcleo Empresarial da Região de Évora (NERE) e o Município de Faro. O projeto INTREPIDA plus conta com o financiamento europeu do programa INTERREG VA Espanha-Portugal (POCTEP).

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jestevaocruz

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