A resposta é simples: ambas se situam no grande Rio Guadiana: a primeira acumula água por via de uma barragem que lhe tapa o curso, e a segunda pretende galgá-lo, sem lhe importunar as correntes, umas dezenas de quilómetros mais abaixo, em Alcoutim.
Nada mais simples de explicar. As duas, no entanto, ficaram agora ligadas, não só pelo Guadiana, mas também por um negócio imposto pelos nossos “vizinhos” (com vizinhos destes para que queremos nós inimigos?), que fazem depender a construção da Travessia entre Alcoutim e Sanlúcar, do fornecimento de água do Alqueva para o seu território (a preços de “uva mijona”, digo eu!), como se os benefícios da construção da Ponte fossem exclusivos de Portugal.
Ao que sei, o negócio foi aceite, como os espanhóis impunham, mas! Há sempre um mas, nestas coisas! Pelo que me foi informado, os prazos normais, necessários à construção da Ponte já foram todos ultrapassados, (por culpa dos espanhóis, diga-se em abono da verdade!), o que leva a ter de pedir uma prorrogação do prazo, para beneficiar dos subsídios do PRR da CE (essenciais ao financiamento).
Este facto torna a situação difícil, existindo um risco real de não ser aceite o prolongamento e, por via disso, não se fazer a obra e, nesse caso, termos de fornecer a “aguinha” do Alqueva, a troco de “nada”, porque os espanhóis irão sempre evocar que, a não construção da Ponte, não foi culpa deles.
Este negócio, quanto a mim, meteu troca de “alhos” com “bugalhos”, o que é sempre difícil de misturar, quando se podia ter feito um negócio só de “alhos”!
Passo a explicar:
1- Portugal tem o Alqueva, um lago artificial que se estende ainda por território espanhol e os espanhóis precisam de água para regar, na Estremadura deles.
2- Espanha tem o Chança, um lago artificial que se estende, em parte, por território português, e nós precisamos de água no Algarve, para beber.
Estão a ver qual teria sido o negócio mais viável? Trocar água por água, e o assunto ficava arrumado. Os espanhóis usavam a água, do Alqueva, necessária para a sua agricultura e nós usávamos a mesma quantidade, para a reposição de níveis da Barragem de Odeleite, a partir do Chança. Parece-me um negócio justo! Ou estou a ver mal? É claro que os espanhóis dirão que não; que a água do Chança é estratégica para eles; que é pouca; que a deles é de ouro e a nossa é de prata; etc. Então nesse caso não haveria água do Alqueva “pra ninguém”, que não fosse em território português, é claro! Isso é que tinha sido um negócio! Bom para os dois lados. Sempre na minha perspetiva, por suposto!
Se fosse preciso sacrificar a Ponte, pois que se sacrificasse! Se não tivemos Ponte até agora também não vamos morrer por isso, com a falta de água é que não podemos passar e eu “desconfio” muito da “colheita” de água do Guadiana, com a qual, mesmo assim, os espanhóis também não concordam.
Neste caso fazia-se mais um esforço e ia-se buscar a água ao Alqueva, diretamente!
Ainda voltando à Ponte, ou à falta dela, desde que me conheço que ouço falar da sua construção, ora mais abaixo, ora mais acima, e sem sombra de dúvida que, um dia, gostaria de lhe passar por cima, mas sou sincero, se me dessem, neste momento, a escolher entre a construção da Ponte e a conclusão do IC27, não hesitaria, nem por um minuto, em escolher esta última obra.
Que me perdoem os meus amigos, e até familiares, espanhóis, mas tenho de dar razão ao proverbio antigo, que diz: DE ESPANHA NEM BOM VENTO NEM BOM CASAMENTO.