Mário Luís Leiria Aranha, prestigiado professor da escola secundária de Vila Real de Santo António e sua irmã Suzete Leiria Aranha, excelente pasteleira caseira, tiveram o privilégio de ler os manuscritos encontrados nas obras do restaurante e, ao mesmo tempo, interpretaram e confecionaram, em sua casa, os primeiros pombalinos do sec. XXI.
Segundo o professor, quando da fundação da vila, o bolo era bastante popular devido à deslocação de inúmera mão de obra, no trajeto que estava repleto de figos, amêndoas, laranjas, alfarrobas e outros frutos, legado dos antigos povoadores da nossa região, os árabes.
Então as pessoas fizeram uma utilização criativa desses produtos pois, naqueles tempos pós terramoto de 1 de Novembro de 1755, a fome era imensa.
Quando alcançaram o destino que seria a construção da nobre vila pombalina continuaram a utilizar esses produtos e a fazer bolos dos mesmos, inclusive utilizando o figo e a alfarroba como elementos de uma dieta energética, para eles e para os animais que os ajudavam na enorme tarefa de construir a tão importante e projetada vila pombalina.
Com o declínio do Marquês, quando da posse da rainha D. Maria I, a primeira rainha de Portugal e dos Algarves, a Vila entrou num período sombrio, só vindo a ressurgir aquando da revolução industrial, com a instalação das fabricas de conserva.
Com a saída de muitas mulheres de casa para trabalhar nas fabricas perdeu-se o hábito do bolo, mas este ressurgiu no século. XXI, com a preciosa e generosa ajuda do Dr. Aranha e da Dona Suzete.
O Dr. Aranha era na altura professor aposentado do exercício profissional e era um habitual cliente do grupo «Coração da cidade» ele e a professora Fernanda Pires, conhecida por Madame e seu esposo Alexandre Pires, foram nomeados consultores linguísticos do grupo, pela sua proximidade como clientes, grandes amigos e sobretudo meus professores na escola secundária de Vila Real de Santo António.
Colaboraram imenso na elaboração de menus, em varias línguas, assim como com relatos históricos sobre variados temas, incluindo muitos da área da gastronomia histórica vila-realense.
Seguimos orgulhosamente a dar continuidade ao nosso trabalho de pesquisa com a certeza que foi reposto uma parte esquecida da gastronomia vila-realense.
Atualmente o bolo é muito apreciado por locais e sobretudo por os nuestros hermanos.
O pombalino continua e continuará a dignificar a nossa terra!
Nota final: O pombalino foi refeito e reconstruído na base de relatos históricos de frequentadores do café coração da cidade e passo a citar: Dr. Mário Aranha, Suzete Aranha, Madame Fernanda Pires, Alexandre Pires, e ainda com o apoio do IEFP dirigido por o Dr. José Lança, que promoveu um curso de formação profissional de pastelaria e padaria, onde o teste final foi o pombalino que coincidiu com a abertura da grande fábrica «Coração Doce», sob a supervisão do grande mestre de pastelaria Osvaldo Piúza.
A todos e em nome do grupo coração da cidade os meus sinceros agradecimentos
Luís Camada, 10.2024