PS no Algarve advoga fim da simultaneidade na regionalização

PS no Algarve advoga fim da simultaneidade na regionalização

Congresso PS-Algarve

Os trabalhos do XX Congresso Regional da Federação Regional do Algarve do Partido Socialista decorreram no Centro Cultural António Aleixo em Vila Real de Santo António.

A lista da Comissão de Honra foi liderada por António Pina, e nela constam todos os autarcas eleitos pelo PS ALGARVE nas câmaras e assembleias municipais e nas juntas de freguesia, «como exemplo de proximidade com as pessoas».

Álvaro Araújo, presidente da câmara de Vila Real de Santo António foi eleito como presidente do congresso.

Durante a manhã, foram apresentadas moções setoriais a abordar temáticas diversas, com destaque para as eleições autárquicas de 2025. Habitação acessível, a água, as alterações climáticas e a biodiversidade, a saúde e o fim da simultaneidade da criação das regiões administrativas, foram outros assuntos de relevante interesse para a Região do Algarve.

O secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol da Andaluzia, Juan Espadas foi convidado de honra dos socialistas algarvios.

O congresso regional encerrou cerca das 18 horas,e nele foi aprovada uma Moção Global «Ganhar o Algarve«, tendo por primeiro Luís Graça, reeleito presidente do PS ALGARVE há duas semanas, por voto direto, para um novo mandato.

Regionalização

A proposta da Federação do Algarve do Partido Socialista (PS) defende a criação de uma Região Administrativa do Algarve como forma de melhorar a governança regional, conferindo maior legitimidade democrática, eficiência e coesão territorial.

O texto destaca que, apesar de várias políticas de descentralização, Portugal ainda é um dos países mais centralizados da União Europeia.

A regionalização permitiria maior proximidade entre eleitores e eleitos, aumentando a participação cidadã, transparência e eficiência nos processos de decisão.

A proposta defende que a atual reforma das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), embora relevante, não é suficiente, pois essas entidades continuam dependentes do governo central e carecem de legitimidade popular.

Somente o voto direto da população pode conferir essa legitimidade a um poder político regional.

Além disso, a Federação do PS Algarve sugere que, numa revisão constitucional futura, «se elimine a exigência da simultaneidade para a criação das regiões administrativas», que atualmente requer um duplo referendo.

A proposta inclui a criação de «regiões piloto», baseadas numa reforma regional e cooperação intermunicipal, e a formação de uma equipa para avaliar os impactos económicos, financeiros e sociais da regionalização no Algarve.

Por fim, a Federação planeja liderar o processo de desenvolvimento regional e apresentar uma proposta de alteração constitucional para a criação das Regiões Administrativas no próximo congresso nacional.

Habitação

Sobre a Habitação foca-se na crise habitacional que afeta a região, especialmente devido ao aumento dos preços das casas, impulsionado pela especulação imobiliária e pela procura de segundas residências por estrangeiros.

Este cenário torna a habitação inacessível para muitos que vivem e trabalham no Algarve, incluindo a classe média, jovens e trabalhadores essenciais.

A Federação reconhece os esforços já iniciados pelo Governo, como o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que visa aumentar a construção de habitação acessível.

No entanto, considera que essas medidas precisam ser ampliadas e adaptadas à realidade da região, que sofre com a pressão imobiliária.

Entre as soluções propostas, destacam-se a construção de mais habitação pública, apoiada financeiramente pelo Estado, para arrendamento e compra a preços controlados;


O incentivo à utilização de terrenos subutilizados (ex. zonas de cultivo abandonadas) para construção de habitação acessível, o que também ajudaria a combater o despovoamento no interior;

O apoio às cooperativas habitacionais, promovendo modelos de arrendamento acessível e propriedade partilhada;

Revisão dos Planos Diretores Municipais (PDM) e do PROTAL para permitir uma maior implementação de políticas públicas de habitação.

Quanto ao impacto do Alojamento Local (AL) na crise habitacional, considera que embora o AL tenha importância para o turismo e a economia, a sua massificação reduziu a oferta de habitação permanente, sobretudo em áreas urbanas.

A Federação sugere estudar medidas de controlo e limitação do AL, como restrições de licenças em zonas com pressão imobiliária elevada e maior participação fiscal do setor.

Por fim, a proposta sublinha que a resolução da crise habitacional exige persistência e continuidade nas políticas públicas, além de uma abordagem criativa e integrada. O PS Algarve reafirma o seu compromisso de garantir o Direito à Habitação como um elemento essencial para a igualdade de oportunidades e a dignidade humana.

A sustentabilidade do Algarve

O Congresso Regional do PS abordou os desafios ambientais da região, destacando a necessidade urgente de uma resposta integrada para enfrentar as alterações climáticas, a escassez de água e a pressão sobre os ecossistemas.

O Algarve tem enfrentado condições mais severas do que o previsto, com impactos significativos na água, agricultura e turismo e, sendo o Algarve a primeira região do país com um Plano de Eficiência Hídrica aprovado, com um financiamento de 200 milhões de euros, focado em soluções para mitigar a crise hídrica.

Apoia a construção da primeira central de dessalinização em Portugal, convertendo água do mar em potável; os planos para reciclar 8 milhões de metros cúbicos de água tratada para agricultura e manutenção de espaços públicos; o reforço da barragem de Odeleite, com condutas para captar água do rio Guadiana, e estudos para aproveitamento da ribeira da Foupana.

Para a sustentabilidade ao setor primário, apoia a expansão de projetos solares na região é reconhecida, mas com o alerta de que devem ser geridos cuidadosamente para evitar impactos negativos nos ecossistemas e no turismo de natureza.

Propõe a instalação de painéis solares em edifícios públicos para minimizar a ocupação de áreas naturais.

Apoia também, no âmbito da preservação de Ecossistemas, a preservação da Ria Formosa, a plantação de espécies autóctones,

A Ria Formosa é identificada como um dos recursos mais valiosos e vulneráveis, sendo necessário regulamentar atividades turísticas e tráfego de embarcações para proteger este ecossistema.

Defende-se a plantação de espécies autóctones e a erradicação de espécies invasoras; o apoio à criação da Reserva Marinha da Pedra do Valado; a classificação da Lagoa dos Salgados como Reserva Natural Nacional; a preservação de áreas como o Paul de Lagos, Alagoas Brancas, e Ribeira do Almargem, em colaboração com os municípios de Lagos, Lagoa e Loulé.

    Tudo para melhorar a sustentabilidade ambiental e garantir um Algarve equilibrado entre o desenvolvimento económico e a proteção ambiental.

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