José Carlos Barros, poeta e escritor, primeiro prémio Leya, apresentou na Biblioteca Municipal Vicente Campianas, na passada sexta-feira, a sua mais recente obra literária intitulada «Taludes Instáveis» onde a obra do poeta foi dissecada por Miguel Godinho, em sessão dirigida por Assunção Constantino e que contou com a presença do vereador de pelouro Fernando Horta.
José Carlos Barros, natural de Boticas, 1963, e vive em Vila Nova de Cacela. É lá que tem produzido as suas mais recentes obras literárias, ao mesmo tempo que prepara a obra artística no campo da pintura, tendo já realizado algumas exposições dos seus quadros.
Taludes Instáveis , livro que tem na capa uma pintura do neto, é uma coletânea dos seus livros de poemas, publicados até hoje, Pequenas Depressões, 1984, em colaboração com Otília Monteiro Fernandes, Uma Abstração Inútil, 1991, Todos os Náufragos, 1995, Teoria do Esquecimento, 1996, As Leis do Povoamento, 1996, As Moradas Inúteis, 1997, Rumor, 2011, O Uso dos Venenos, 2014, A Educação das Crianças, 2020, Penélope Escreve a Ulisses, 2021, Estação, os poemas do DN Jovem.
José Carlos Barros é atualmente vereador na câmara municipal de Vila Real de Santo António, onde já desempenhou o cargo de vice-presidente, e foi deputado na Assembleia da República e Diretor da Reserva da Ria Formosa.
A poesia de José Carlos Barros
Miguel Godinho apresentou a obra ao público que acorreu à Biblioteca Municipal de Vila Real de Santo António e destacou que a importância da presença da natureza e do mundo natural na obra de Barros não pode ser subestimada.
Através de suas palavras, somos transportados para paisagens exuberantes, onde o pulsar da vida se entrelaça com a poesia. A escrita é permeada por uma sensibilidade única, capturando a essência das paisagens rurais e a complexidade das interações humanas com o ambiente natural.
Taludes Instáveis não é apenas uma coleção de poemas; é uma jornada pela vida e pela mente do autor. A organização dos poemas reflete não apenas a cronologia de sua vida, mas também a evolução de suas ideias e emoções ao longo do tempo. Desde os primeiros versos da juventude até as reflexões mais maduras e profundas da idade adulta, Barros nos presenteia com uma visão panorâmica de sua experiência humana.
A influência de outros poetas contemporâneos é evidente em sua escrita, mas Barros tem o mérito de transcender influências para criar um estilo único e inconfundível. A obra ecoa as vozes de poetas passados e presentes, mas nunca perde sua singularidade, oferecendo uma contribuição distinta e valiosa para o cânone literário.
Com Taludes Instáveis “, José Carlos Barros reafirma seu lugar como um dos principais escritores da atualidade. O estilo minimalista e suas temáticas profundas cativam os leitores, enquanto a habilidade em evocar emoções e memórias perdura muito além das páginas do livro.
Com a publicação em editoras de renome, como a D.Quixote, Taludes Instáveis está a ser bem acolhida por críticos e leitores, consolidando ainda mais o talento de José Carlos Barros.
Pontos principais:
Na relação entre poesia e realidade, o poeta questiona a ideia de que a poesia não serve para nada, defendendo que ela pode ser usada para descrever o mundo de forma profunda e significativa e compara a poesia a um barco que pode navegar pelos rios da vida, levando-nos a lugares inesperados.
José Carlos Barros acredita que a poesia deve olhar para o passado, não com nostalgia, mas sim para buscar sabedoria e ensinamentos que possam ser aplicados ao presente.
Destaca a importância da memória para lembrarmos das coisas boas e ruins do passado, e para nos ajudar a tomar melhores decisões no futuro.
Na relação entre a vida rural e a sabedoria das comunidades antigas, celebra a vida rural e a sabedoria dos que viviam em harmonia com a natureza. Critica a sociedade moderna, que se afastou da natureza e perdeu a capacidade de viver de forma simples e sustentável.
Falando sobre a beleza e a ética, o autor entende que a beleza e a ética estão intimamente ligadas e acredita que a arte deve ser usada para promover valores como a justiça, a igualdade e a compaixão.
A poesia desvenda os mistérios da vida, sendo que a linguagem poética é poderosa e pode ser usada para expressar sentimentos e ideias complexas. É uma forma de arte que nos conecta com o mundo natural e com a nossa própria humanidade. É importante ler e apreciar a poesia, pois ela pode nos enriquecer como pessoas.
Uma leitura da obra confirmará estas apreciações.
Fotos do evento por José Luís Rua Nascer