Hammam e Casa de Chá na Casa Cor de Rosa em Mértola
Apesar da inauguração oficial estar prevista para o próximo mês de outubro, a Casa de Chá estará em funcionamento, durante os dias 18 e 21 do festival, sendo, na ocasião, conhecido o espaço reabilitado, a Casa Cor-de-Rosa, e, ainda, desfrutar das várias iniciativas disponíveis como oficinas de cosmética natural, yoga facial, remédios e “mézinhas”, bem como uma experiência gastronómica pela chef Sahima Hajat, vencedora do Masterchef 2023.
Nos dias 19, 20 e 21, será possível desfrutar de uma experiência gastronómica com a chef Sahima Hajat, que oferecerá um menu de degustação. Tanto as oficinas como a experiência gastronómica têm inscrições limitadas e estão sujeitas a marcação prévia.
O Festival Islâmico de Mértola tem entrada livre e na passada edição contou com 50 mil visitantes. Este ano são esperadas 60 mil visitas, neste que é dos eventos mais relevantes do distrito, e que tem como objetivos, além da divulgação do conhecimento sobre a história e o património de Mértola, em particular da época islâmica, também promover o conhecimento, o diálogo, a tolerância e cidadania entre culturas; divulgar a cultura islâmica e produção contemporânea; fortalecer laços culturais, sociais e económicos com o Mediterrâneo e desenvolver a oferta turística muslim friendly.
O que são os Hammam’s e as Casas de Chá são parte integrante da cultura islâmica.
Hammam, é um espaço de banhos e rituais que se acreditam «purificantes tanto de corpo como de alma. Uma visita a este local é um ritual que está presente em vários momentos importantes da vida nesta cultura. Aqui o banhista irá limpar o seu corpo e mente da forma que se acredita mais profunda, passando por diversas salas com distintas temperaturas, bem como uma sauna húmida que o fará suar e abrir os poros para que possa libertar todas as impurezas acumuladas no seu interior, que posteriormente através da esfoliação intensa serão eliminadas em definitivo».
Associado ao ritual de Hammam está sempre presente o chá, parte integrante do mesmo. No final dos banhos e terapias inerentes, o banhista terá de repor os seus líquidos perdidos durante o ritual, através dos chás.
O consumo do chá pela população da região do Norte de África acredita-se centenária. Para os árabes, o Salão de Chá é um local de receber convidados, relaxar e socializar. A toma do chá envolve todo um ritual de preparação e consumo, sendo muito importante a forma como é servido. Também a louça é parte essencial no ritual, o chá deve ser preparado em bule metálico e, posteriormente, servido em copos devidamente decorados. É importante ter em conta que cada chá deve ter a sua louça, faz parte do ritual. Para os árabes, o chá é um símbolo de hospitalidade, boas-vindas e sociabilidade, devendo sempre causar boa impressão aos convidados e deve ser acompanhado de doces típicos.
Para os islâmicos, a hospitalidade é muito importante e o dever de bem receber é habitualmente bastante respeitado. A qualquer convidado, familiar ou amigo que visite uma casa islâmica é-lhe oferecido comida e bebida para que aprecie e se sinta como em sua casa e são colocados na mesa pratos com muitas variedades para que os seus gostos sejam sempre agradados. Os momentos das refeições são nesta cultura verdadeiros rituais que representam comunicação, hospitalidade e encontro familiar. A variedade e a fartura são parte da rotina e a mesa cheia e devidamente decorada serve para homenagear os convidados.
De raízes milenares, a cozinha árabe ensina-nos técnicas e ensinamentos de como lidar com o produto com respeito, cada ingrediente, tempero e ou bebida. Desde a época mesopotâmica esta é uma culinária com forte personalidade que se reflete na atual gastronomia árabe.
As suas especialidades vão desde a confeitaria aos pratos principais, sem esquecer o típico pão. Tal como a cozinha portuguesa, a cozinha árabe é mediterrânica, baseada em muitos dos ingredientes que por cá se utilizam, com bases bastante semelhantes, respeito pela sazonalidade dos produtos, uso de verduras e legumes frescos e qualidade das proteínas, apenas com a diferença no uso e manuseio de alguns dos ingredientes.
O edifício Casa Cor de Rosa
O edifício designado de «Casa Cor de Rosa» é um espaço cheio de história. Sendo uma das mais nobres edificações do centro histórico da vila, mostra-se um belo exemplar da arquitetura neoclássica. Ele faz parte da memória coletiva da vila, mandado construir por Manuel Francisco Gomes, no século XIX, comerciante e proprietário de barcos de transporte no Guadiana. O piso de baixo era utilizado como armazém para fins comerciais, já o piso de cima era exclusivo para a habitação.
Mais tarde, este palacete passou para as mãos do seu filho, Doutor Gomes um reconhecido médico em toda a região, que para além de habitar a casa, aqui formou um pequeno consultório, devidamente equipado para a época, onde dava grande parte das suas consultas. Desde a cura de simples constipações até à valia de arrancar dentes, muitos são aqueles que guardam memórias da casa e das diligências do Dr. Gomes, conhecido por dominar várias especialidades médicas.
O projeto
O projeto de reabilitação desta edificação foi liderado pelo arquiteto José Alberto Alegria, revelando a «preocupação em manter o rigor e respeito pelo sítio e a sua envolvente. Este edifício viu recuperados muitos dos seus detalhes arquitetónicos e decorativos de outrora, nomeadamente madeiramentos, abóbadas, arcarias, gradeamentos e painéis decorativos bem como a sua grande chaminé. Grande parte estão interligados com novas estruturas de apoio de modo a reforçar a construção e a proporcionar uma maior segurança ao edifício. Sem esquecer as acessibilidades que foram contruídas para que seja possível o acesso a pessoas com mobilidade condicionada».
A intervenção realizada apostou na valorização da ambiência mediterrânica, tanto na requalificação do edifício como na sua decoração. Os elementos decorativos respeitam uma discreta elegância e uma evidente interligação com o passado mouro desta vila.
A sustentabilidade é também uma máxima adotada. Foi importante «implementar um sistema de gestão de água que faz uma utilização sábia e sustentável da mesma. Na cobertura, encontram-se canais que recolhem as águas pluviais que serão transportadas para um tanque de decantação e posteriormente encaminhadas e depositadas numa enorme cisterna, para que mais tarde possam ser utilizadas».
Foi uma preocupação assegurar um equilíbrio estético com a moldura arquitetónica já presente neste edifício recuperado. Pormenores como o mobiliário, os utensílios, os tecidos, as molduras, iluminação, entre outros, foram «cuidadosamente pensados» para proporcionar uma experiência plena de Hammam & Casa de Chá.
O Hammam e Casa de Chá no Festival Islâmico de Mértola
Nos dias 19, 20 e 21, será possível desfrutar de uma experiência gastronómica com a chef Sahima Hajat, que oferecerá um menu de degustação. Tanto as oficinas como a experiência gastronómica têm inscrições limitadas e estão sujeitas a marcação prévia através do número 968689109.
O Festival Islâmico de Mértola tem entrada livre e na passada edição contou com 50 mil visitantes. Este ano são esperadas 60 mil visitas, neste que é dos eventos mais relevantes do distrito, e que tem como objetivos, além da divulgação do conhecimento sobre a história e o património de Mértola, em particular da época islâmica, também promover o conhecimento, o diálogo, a tolerância e cidadania entre culturas; divulgar a cultura islâmica e produção contemporânea; fortalecer laços culturais, sociais e económicos com o Mediterrâneo e desenvolver a oferta turística muslim friendly.