Médicos respondem à carta da Ordem dos Médicos

SNS

Um grupo de médicos, cujos nomes tem relevo no nosso País, manifestou em carta aberta a sua discordância com o teor da carta enviada à ministra da Saúde pela Ordem dos Médicos, e da visão de caos, desorganização e risco apreciada pela corporação. A carta da Ordem está assinada pelo atual bastonário e cinco antecessores no cargo.

Os médicos signatários entendem que a carta da Ordem se enquadra num movimento de gente com influência na Comunicação Social e meios universitários que procuram levar o ministério a enviar mais doentes para o setor privado da saúde, aproveitando as dificuldades criadas pela Pandemia da Covid-19 ao descreverem um ambiente de perigo iminente, vaticinando a falência do SNS e amplificando as suas dificuldades, desassossegando e perturbando a saúde mental das famílias e, sobretudo, das pessoas mais idosas e mais isoladas.

Os medicos discordantes da Ordem colocam em relevo o facto de 41% do orçamento da SNS já vai para pagar serviços a empresas privadas, com exames auxiliares de diagnóstico, hemodiálise e fisioterapia, que em 2018 somavam 10,9 milhões de euros e que, no inicio da pandemia fecharam as portas e enviaram grávidas positivas de Covid-19 para o Serviço Nacional de Saúde. Dizem também que 55% dos testes diários de CoV-2 estão a ser feitos pelos privados que viram aumentado o fluxo financeiro em 600 mil euros por dia.

Notam que a concretização da proposta de operacionalização do chamado “sistema” de saúde, com “normalização” da compra de serviços de saúde a prestadores privados, subverteria o conceito constitucional do Serviço Nacional de Saúde. e aumentariam as insuficiências que se apontam ao SNS, bem como o que os portugueses teriam de pagar pela sua saúde.

Ministra anuncia concurso para mais 46 intensivistas no início de 2021.

A Ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou em conferência de imprensa que se prevê abrir um concurso com 46 vagas para médicos intensivistas no início de 2021, para aumentar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) à pandemia de Covid-19. 

«Saliento a abertura de um concurso para 48 médicos intensivistas em outubro e a previsão de um novo concurso para 46 médicos intensivistas no início do ano que vem. Por que é que não os abrimos todos ao mesmo tempo? Porque não é possível fazer com qualidade a formação destes dois grupos simultaneamente. Vai ser uma formação específica, uma repetição dos antigos ciclos de estudos especiais em medicina intensiva e este é o compromisso possível para garantir uma formação de qualidade», afirmou a governante, em conferência de imprensa sobre a capacidade de resposta do SNS à pandemia.

A necessidade de mais médicos de Medicina Intensiva foi evidenciada com a pandemia de Covid-19, onde estes profissionais têm estado na linha da frente nos hospitais no combate à doença que já causou 2.343 mortos em Portugal. O novo concurso para início de 2021 sucede a outro já lançado este mês e publicado em despacho em Diário da República que previa a contratação de 48 intensivistas até ao final deste ano.  

A Medicina Intensiva é uma área sistémica e diferenciada das ciências médicas que aborda especificamente a prevenção, diagnóstico e tratamento de situações de doença aguda potencialmente reversíveis, em doentes que apresentam falência de uma ou mais funções vitais. 

Aumento de efetivos no SNS

Sem deixar de enaltecer o aumento de efetivos no SNS entre o final do ano passado e setembro de 2020, com mais 5.459 profissionais, dos quais 548 médicos, Marta Temido reconheceu, porém, que os números são inflacionados à custa de internos e que a pandemia significou uma quebra na dimensão dos médicos especialistas.

«Quando olhamos para os especialistas, o total de médicos ressente-se daquilo que foi o atraso na conclusão da realização dos concursos para a colocação de recém-especialistas. Desde 31 de dezembro de 2019 a setembro de 2020 temos um decréscimo de 323 especialistas, que esperamos compensar com os concursos atualmente a correr: 911 vagas para especialista hospitalar, 39 para médico de saúde pública e 435 para médico de medicina geral e familiar».

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jestevaocruz

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